terça-feira, 18 de maio de 2010

Possibilidades mais que estruturais

Hoje na aula de Tecnologia I, a professora Carla Paoliello ensinou à turma vários tipos de possibilidades estruturais. Entre todas elas, acredito que a mais chamou a atenção foi a respeito da utilização de cabos que, apesar de impor certas dificuldades em sua utilização, é uma das sustentações mais eficientes.
Durante a explicação sobre o funcionamento dos cabos estruturais, a professora exemplificou sua utilização tomando por referência um balanço - algo que ela dizia utilizar em quase todos os fins de semana por causa de seus filhos.
Como minha vida é cheia de coincidências interessantes, encontrei hoje no blog "Happiness Is..." um pequeno artigo a respeito de uma "lâmpada de balanço" (quem se interessar por ela pode clicar neste link, pois meu assunto aqui é outro).
Este acontecimento me despertou várias reflexões, e sabendo que a Carla também adora coincidências, dedico esta postagem a ela, sem esperar nenhum ponto extra em troca (não que eu vá recusar, caso ela ofereça...).

No decorrer da aula de hoje, fomos apresentados a várias combinações de possibilidades estruturais. Vigas e cabos, cabos e arcos, arcos e vigas, etc. Logo me dei conta de que as possibilidades dentro da arquitetura tendiam ao infinito! Entretanto, o que vemos por aí são simples balanços de madeira.
Dentro deste tema, "possibilidades", me lembrei das "novidades arquitetônicas" que vejo todos os dias na internet. Muitas vezes estas obras aparentam ser do mesmo projetista, remetendo à idéia de que a humanidade tende a seguir padrões criados por outros. Tudo bem, isto é algo que acontece desde a pré-história, mas será este o melhor caminho para a evolução?
Várias pessoas já discorreram a respeito da originalidade. Me lembro bem do meu primeiro dia de aula no curso de Arquitetura e Urbanismo, em que o professor Cássio de Lucena apresentou à turma a frase: "Descarte sempre a sua primeira idéia!". Talvez outras pessoas não tenham dado tanta importância a isto, mas foi algo que ficou marcado em minha memória. Acabei percebendo que as primeiras idéias sempre são as mais fracas e comuns. Elas nunca são nossas próprias idéias, mas sim alguma derivação de algo que já vimos.
Em uma entrevista com os arquitetos Jacques Herzog e Pierre de Meuron, encontrada no livro "In-Ex 01: review of peripheral architecture = revue périphérique d'architecture", Herzog afirma que o grande benefício da experiência era que a cada dia seus trabalhos eram realizados mais rapidamente. Entretanto, isto fazia com que ele tendesse a se repetir. Constantemente ele precisava se desafiar a tentar algo novo (talvez descartando sua primeira idéia, como Cássio sabiamente nos sugeriu fazer).
Mesmo pessoas com muito mais conhecimento e experiência admitem que a originalidade é algo raro. Porém o problema pode ser justamente delas, pelo fato de absorvermos idéias de outros enquanto adquirimos experiência e conhecimento. Ao invés de tentar algo novo nossa própria comodidade nos induz a seguir aquilo que sabemos que vai dar certo e que as pessoas já estão "acostumadas a gostar".
Imagino se um dia as pessoas se darão conta disso e passarão a acordar sempre com a mesma curiosidade e inocência de uma criança, como se nunca tivessem aprendido nada, sem medo do julgamento daqueles acostumados com o óbvio.



Obs.: Se usar drogas, não utilize a lâmpada de balanço.
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Um comentário:

carla paoliello disse...

você merece um ponto extra, e se continuar escrevendo assim, até dois. abraços! carla